(para Marcos Vinícius Netto)
Não creio em deuses que não dançam,
Que não têm febre,Não choram com canções,
Não calam vozes,
Não fumam a vida,
Não romantizam relações,
E não amam como fera.
Não creio na flor que desabrocha em machado
O escândalo, tal qual machismo que entope
A artéia estéril da suposta sanidade.
Que não faz do orvalho cachaça,
Não se embebada com palavras,
Não vai pra rua e bebe a tempestade.
Ah! Maravilhosa gente humana que vive como cães,
Não esconde esqueletos no armário,
Não emerge bulimia dos banheiros,
Não transparece angústia,
Não transveste seus programas
Nesse estar descontente que é do homem
- Silêncios de uma nau,
Vácuo, o momento, o lugar,A alegre inconsciência -
A consciência dessa incerteza que quer
Qualquer impossível calma,Qualquer coisa que não vida,
Sendo, em si mesmo, instante,
Todo cais uma saudade de pedra,
Um pouquinho de saúde
E qualquer descanso na loucura.
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